21 junho, 2007

Em nome do Senhor. (Fora dos Padrões)

Estava eu navegando rapidamente pela internet ontem quando me deparo com a seguinte "notícia": 'Vaticano cria os 10 mandamentos para o trânsito'. Como não podia deixar de ser cliquei sobre o link, e o que vejo? sim, uma versão incrivelmente engraçada das dez coisas que os crentes em deustodopoderoso devem cumprir enquanto dirigem pelas ruas decadentes de nosso mundo. Agora, uma breve análise:
1) Não matarás;
Sim, as pessoas levantam pela manhã e pensam "é hoje que mato cinco no trânsito!Ho-ho-ho (risada maquiavélica [Obs: Maquiavel foi um grande cara, ao contrário do que dizem...])". ¬¬
2) A estrada seja para ti um instrumento de ligação entre as pessoas, não de morte;
Esse é ótimo! Ohh, que estrada seja um elo de paz, amor e harmonia. Viva Jesus, viva!
3) Cortesia, correção e prudência para te ajudar a superar os imprevistos;
Quinze horas de uma véspera de feriado,tu na Freeway e o sol lapidante corrói o pneu traseiro do carro de uma forma terrível. "Calma, deus está conosco. Vamos jogar damas chinesas?"
4) Ajudar o próximo, principalmente se for vítima de um acidente;
"Ooolha! Um acidente! Será que aquela massa vermelha cor de sangue é algum ferido? Não, deve ser o Papai Noel descansando no meio do asfalto... Querida, o que faremos para o almoço hoje?"
5) Que o automóvel não seja um lugar de dominação e nem lugar de pecado;
"A: Amor, me dá um beijo? ; B: Querido, tu sabes que aqui não. Quer se tornar um pecador? Pare alí, naquela casinha com torre alta e estátuas na frente que daí sim poderemos gerar descendentes férteis. A: Ok docinho. No carro não é legal mesmo, deus pode estar vendo."
6) Convencer os jovens sem licença a não dirigir;
Enfim algo que eu apoio. Uma utopia, claro. Bem, Maria engravidou virgem, não é mesmo? Milagres podem acontecer.
7) Dar apoio às famílias que tenham parentes vítimas em acidentes;
Nenhuma piada infame me veio a mente (sugestões?).
8) Reúna-se com a vítima com o motorista agressor em um momento oportuno para que possa viver a experiência libertadora do perdão;
=D Viver a experiência libertadora do perdão! Que senso de humor o desses caras!
9) Proteger o mais vulnerável;
Bem, isso me parece bem preconceituoso.
10) Você é o responsável pelo outro;
Outro, acho melhor tu começar a rezar...

Esperamos, ansiosos, pelos "Dez mandamentos dos jogos de futebol".

19 junho, 2007

até dois

Estou vendo que tudo é feito para ser aproveitado ao par. Na verdade, não temos a capacidade de distingüir mais do que dois: zero, um, dois e muitos são as nossas palavras. Por isso todos os dualismos, por isso toda a lógica aristotélica, por isso tudo que existe, e essa frase teve muitas vírgulas.
Ninguém sabe trabalhar com mais do que dois. Ou é ou é a negação, mais do que isso não se pode penetrar. Infurável. Tudo é no máximo dois. Ninguém sabe ainda sobre certas variedades que são de três. Até dois, há o domínio e o conhecimento. E depois disso, somente a penumbra.
Agora, voltando ao início: os objetos são feitos para serem aproveitados por casais porque casais não são uma unidade. Eles não sabem pensar juntos, e portanto não sabem poupar, por isso caem nas "armadilhas de amor" impostas pelos burgueses ("hambúrguer"... tem a ver?). E na ânsia de poder aproveitar todo esse mundo feito para os casais (para dois! para três seria muito complicado) muitas pessoas buscam uma pessoa para ser seu par. Quando ela perceber toda essa trama inventada, souber que é possível, sim, ter filhos sozinho (só que não muitos), que todas essas comodidades na verdade são necessidades que se criam e portanto são supérfluas, (quando perceber [esse é o ruim das sentenças longas]) já estará tão envolvido pelos costumes que não poderá se libertar. Assim como outros vícios quaisquer.
Mas mesmo assim as pessoas caem no truque do par.

18 junho, 2007

sobre a inveja e outras coisas

A inveja pode matar. Os sentimentos também. Mas esses últimos podem morrer sem matar ninguém. E aí tudo acaba. E aí chega o fim.

17 junho, 2007

das Câmeras

Pouco valor têm essas registradoras de momentos. Não faz muito sentido levar uma câmera para querer gravar algum momento que deixa de acontecer porque existe a câmera junto. Claro, deixa de acontecer porque não seria igual. (Depois de principiado isto [o todo, o blog], não precisarei esmiuçar tanta coisa.) Talvez haja uma carga de opinião minha incluída, porque nunca fui muito afeito a esse tipo de tecnologia. Mas provavelmente é verdade (poderia ser feito em mais detalhes [Spinoza já escreveu coisas parecidas em ao menos um de seus livros]) deixa-se de viver o momento (muitas vezes curtir a viagem, olhar as paisagens, ficar vislumbrado com alguma coisa nova) para tirar uma foto. Vantagens e desvantagens (também é um pré-requisito para o blog como um todo; um dia escrevo) à parte, não parece tão sábio. Talvez possa não ser tão verdadeiro no caso em que a diversão seja tirar fotos (talvez principalmente meninas, mas estou na dúvida), mas em geral deixa-se de viver para gravar. Repare que isso até pode combinar com os últimos tempos (aliás, esta é a idéia mais importante [ou mais avançada] do post), em que se armazena alguma coisa para aproveitar depois. A verdade é que uma foto nunca poderá prover as mesmas sensações (bom, alguém talvez discorde...) de ter vivido e sentido mais o momento. Na verdade, quando se deixa pra aproveitar algo depois, não se aproveita da mesma forma. (“Então viva!”: é isso que eu quero dizer? Não, claro que não. Só estou criticando as pessoas que ficam tirando fotos em detrimento de aproveitarem e viverem. [Não é nada útil, mas nada dessas discussões aqui, ao menos por enquanto.])

É bom desde já (“desde já” no fim do post...) esclarecer que elas não são registradoras de momentos. Elas só captam a imagem. De um pequeno pedaço da imagem do momento. Aliás, inclusive estamos com a visão clássica, em que em certo instante há certo mundo. Não, amigo, isso não acontece. Não sei a prova mais simples, mas alguns experimentos fazem com que esse modelo seja descoberto (ainda sairá um post sobre modelos [o que eu não faço pelos leitores...]). Mas isso nem é necessário. Basta pensar que mesmo que fotografando o momento não poderemos voltar a ele (e quero ver uma tecnologia pra isso, baguais, quem inventa só faz coisas fáceis, mas fazer o que, se as pessoas se surpreendem tão fácil...), e no fim não teve tanto significado o registro. E como admito não ter certeza que isso é suficiente (Bayes! preciso fazer um post pra ele também! [início de blog, pouca bibliografia, você não sabe como é]), pode-se juntar a isso o fato de que não registram totalmente (aliás, registram uma parte medíocre). É, Bayes, você precisa aparecer também. (Desde que descobri exatamente o que esse cara inventou não paro de enxergar aplicações.)

E você, aposto, nem leu tão atentamente para dizer criticamente que o fim do post não se concretizou no início do segundo parágrafo, conforme eu esperava.

Uma nota: vale para vídeos também.

13 junho, 2007

sobre ir longe e outras histórias

Talvez qualquer um tenha ouvido falar que assim se chega longe. Tá certo que "longe" não é exatamente um lugar a chegar (e estamos longe da morte?). Desejar muito nem sempre garante um futuro promissor. (Claro, essa é uma experiência que ainda não senti. [Farei um post explicando isso.]) Só que é bem desnecessário dizer a alguém que "irá longe" se pensar em se tornar (ou 'tornar-se'? oh! dúvida cruel) o melhor de todos, porque nesse caso "ir longe" é pouco. (Não se preocupe em procurar a conexão entre as duas idéias [e esqueça o que são idéias].)
Acho que é falso que o limite das suas conquistas é o limite dos seus sonhos. Pra começar, que noção intuitiva de limite é essa? Mas isso é o de menos. Acho que talvez haja pelo menos um contra-exemplo (escrevi que devo escrever sobre eles? ["falando" assim até pareço uma pessoa culta e sábia! {e quem sabe ocupada!}]), em que a conquista simplesmente ultrapassou o sonho. Pensando bem, não há por que ficar discutindo frases sem sentido que pessoas quaisquer inventam.
Deixando de teoria, vamos à prática. Por isso, fim do post. (Adorei isso!)

09 junho, 2007

Durante o sempre.

Tudo começou num jardim. O chão coberto de verde guardava segredos antes nunca vistos. Folhas apodrecidas, insetos gigantes, cheiros desconhecidos, o moldável da terra pura, e Eles. No início se olhavam pouco, mas com o passar daquelas horas intermináveis que só faziam o tempo parecer mais disforme foram se aproximando. Ela gostava de sorrir. Ele gostava de pensar. Ela sorria pelos pensamentos dele. Ele pensava muito no sorriso dela. Eram tristes. Conheciam muito, sabiam tão pouco. Eram inertes ao tempo, inabaláveis às crenças, fatigados pelo desejo, indiferentes à vida. E toda vez que lá vinha o sol, e Lucy pulava pelas nuvens azuis bombril Eles calavam para ouvir o bater de asas das borboletas. Mas o planeta girava sempre, e sempre na mesma velocidade. Girava, girava... As folhas do outono caíam, eles ainda estavam lá. Nada vai mudar meu mundo, sussurrava Ele, estamos presos, dizia Ela. E as raízes que do chão brotavam confeccionavam um emaranhado de laços tão fortes, que a única possibilidade era a impossibilidade de qualquer ação. Cantavam, algumas vezes. Gritavam, chamavam por algo que nem mesmo sabiam o que. Choravam, até o rosto arder com aquelas lágrimas frias e salgadas. A calma voltava, tudo estava igual, com a exceção do mofo que já cobria o grande parte do chão - que os fazia tão iguais e tão distantes do resto – e do sol que havia a algum tempo sumido. E assim, durante a eternidade (que era pesada demais pra suportar, segundo Ele), continuaram ali. Nada mais havia, nem um certo caminho pra voltar pra casa.

de superpoderes

Não quero ter superpoderes. Odiaria se descobrisse que os tivesse. Por quê? Porque iria ficar com tanta vergonha, tanto ressentimento e tanto remorso por todas as vezes em que me fodi (ferrei) e em que não os usei. Consegue imaginar o quanto terrível seria?
Não, não quero superpoderes. (À exceção de voltar no tempo, se formos pensar. Mas não acredito que alguém tenha a opção "Desfazer" no seu corpo.)

08 junho, 2007

lei da troca

Nunca faça nada esperando algo em troca, porque nunca receberá.

(Quem diria, já as normas.)

07 junho, 2007

de variáveis

Não se deve dar nome a variáveis indiscriminadamente. Não adianta apresentar algo como 'certo garoto X' para depois simplesmente chamá-lo de 'garoto X'. As letras deveriam servir para simplificar, para reduzir espaço. Assim, o "certo" seria chamá-lo somente de 'X', já que já está qualificado.
Usarei isso neste blog. (E esse pensamento é novo. Eu acho.)

03 junho, 2007

campos de morangos mofados

Nos campos os morango mofaram. Não que estejam se acabando ou morrendo: eles somente viverão parasitados por fungos, e terão de viver sob essa condição. Sem chance nenhuma de se curarem, nem de melhorarem, nem de nada que seja positivo. Porque tudo mofou, tudo está podre, não há qualquer chance de qualquer sol ou qualquer terra fazer aparecer um brilho nos morangos.
Mas eles estão aí. Ou não.