27 agosto, 2007

das possibilidades que são "muitas".

Quem fez o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) nesse domingo pode perceber o quão ridícula é a prova, o quão sem um maior nível de dificuldades são as questão, e, principalmente, o rumo à precariedade que anda o nosso ensino. Com questões onde pensar é aumentar a chance de erro, e com um tema de redação insosso rondando a propagação da falta de criatividade, o governo, mais uma vez, se superou. Ora, o que pensam os nossos governantes adotando projetos desse tipo? O que querem? Que mais pessoas sejam aprovadas sem o mínimo de conhecimento possível, só pode ser isso. Aumentar o número de aprovados não significa melhorar o nível da qualidade do ensino. Está muito fácil fazer uma faculdade, está muito fácil freqüentar uma escola. E não venha, caro leitor, me falar em "educação para todos"! Isso eu também quero, por isso eu também luto. Mas quero educação de qualidade, e não um amontoamento de alunos em salas de "aula mal ambientadas" e precárias com professores despreparados e apáticos. E claro, não deve-se esquecer de que uma boa formação precisa de todas as etapas para ser completa. Ou seja, do que vale um semi-analfabeto adentrar num ensino superior sem ter passado por um bom ensino anterior? Eu gostaria de poder mudar algumas coisas...

26 agosto, 2007

de redações para vestibular

É um negócio mal fundamentado o que se ensina nos cursinhos sobre isso. (Apesar de talvez dar certo, mas vamos verificar as engrenagens.)
Nas (ou para as)redações se é incentivado a ser criativo. Só que é difícil ser criativo de verdade se há as fórmulas que dizem como sê-lo. Qualquer redação fica trivial; devemos evitar os jargões e as palavras repetidas. Truques criativos existem prontos, e existem pessoas meio que disponíveis a ensiná-los. Mas como dizer que se pode ensinar a convencer uma pessoa? Como fazer padrões? E porque as pessoas que corrigem aceitam esses padrões? Se já estão tão unificado (claro, nem tanto, mas considere que muitas pessoas, mesmo, fazem cursos pré-vestibular e têm mais ou menos as mesmas dicas para redação [quer dizer, nem disso sei, mas ao menos elas devem ser fundamentadas para o mesmo sentido]), então é de se surpreender (se fôssemos éticos de verdade, e também um pouco ingênuos) que caiam nesses truques. Ou está escrita uma convenção de que quem faz certas coisas é porque realmente sabe e não porque foi sugerido que foi feito.
E o padrão da forma? Dois parágrafos de desenvolvimento, é isso que sugere? Desenvolver um, desenvolver outro, depois ponderar (é assim?). Olha, que coisa ridícula, mas é bem propício para selecionar pessoas para viverem num mundo medíocre, quem sabe de solicitações, e de todas as coisas do gênero (humano? não, não sei direito). Então se pega para o que se quer, e nisso o processo está fluindo corretamente. Façamos que sabemos: essa é a moda e a lei do convívio (profissional? também não sei).
Mas ainda torço para um pouco de ética, pensamento, sentimento (bastante desse) e ingenuidade agirem na formação de posts para falar sobre isso.

caminhar e dirigir

Não se faz muito esforço mental (do tipo burocrático) enquanto se caminha, o que deixa o cérebro suficientemente livre para se deleitar nas idéias que quiser. Pensei isso ao caminhar na calçada; talvez ao atravessar a rua se deva ter algum cuidado.
Quem dirige acaba muitas vezes por se tornar escravo do ato (assim como acontece com celulares, televisão, computadores e blogs [eu disse blogs? por conseguinte {ou um depois}, não leve a sério a lista]), e isso, como se escreve nas redações, pode ser prejudicial ao ser humano (como um todo? não, disso não precisamos). Ainda não tenho licença para dirigir (nem para matar nem para fugir), mas acho que deve ser tão robótico ficar sentado em um carro tendo de guiá-lo. E nem falaremos das novidades que prometem melhorar a vida dos motoristas (na verdade, isso se aplica a tantas coisas...). O que há é somente um processo de unificação e despessoalização. Um pequeno exemplo (um bit) é a buzina: quando de mim (pensando em mim) não se perderia buzinando para os conhecidos? É um bit, ou se buzina, ou não, ou ainda se manda aquela coisa ridícula contínua, mas quem está no volante e tem o poder? Não, mutante errante, não tem.
Então, para se manter em pé, nada como caminhar.

certa lei da propaganda

A cada propaganda corresponde uma única outra propaganda, de mesma posição e mesmo tamanho, mas voltada para o outro lado para que os carros que vêm no sentido oposto também tenham algo para distrair suas mentes.

o primeiro passeio no parque

Não digito à máquina de escrever que de tão sagaz escreveu muitas sagas. Do controle unificado parte-se à solidão na multidão. Ainda assim, tenho força de qualquer coisa como qualquer pessoa em certo sentido.
Existem coisas das quais dificilmente um ser humano pode ser privado. São coisas fortes. Assim como não se priva um cadáver do seu sono e da sua super austeridade (mesmo eu não sabendo direito o que é isso) não se exime uma pessoa do prazer de ter dormido e dormir. Sonhar é por conta de cada um, como qualquer coisa. Mesmo lugares frios e desaconchegantes não são entraves ao momento tal do sono, o momento em que se pega nele, e se agarra, como a uma ave que pode nos levar a qualquer lugar (que ela queira, veja bem).
Também existem coisas muito fortes, mas que até que não precisam necessariamente serem pessoais. São as palavras, e as letras, que existem num mundo complexo (não, na verdade elas naõ existem... mas isso é somente o que diz um ser que se acha existente, e por isso proclama sua superioridade sobre outras coisas quaisquer, de nome ou não). Escrita complexa, subvertendo as ordens, sem que por isso haja crases e ubiqüidades muito ambíguas no contexto hiperbólico. Li há alguns minutos atrás Memórias Póstumas de Brás Cubas enquanto eu ainda estava vivo, e isso pode me impulsionar, como um jardineiro em um trampolim - não de rosas. Entendi muito bem por que motivo em alguns momentos é desejável o uso de vírgula e não de travessão ("sim - concordou" pode ser estranho aos olhos não vadios), e não pode ser proibido o uso de muitas matrizes coluna ponto e vírgula. Saiu; e continua, sem outra pausa, maior ou menor. Medida certa.

20 agosto, 2007

compensação

Pessoas agradecem ao deus cristão por terem comida na mesa. Em compensação, não se louva o desfragmentador de disco do Windows.

Um post pequeno contra a injustiça.
E a favor do que eu acho correto.

11 agosto, 2007

banalização de coisas ímpares

Definimos ímpar um número inteiro que possa ser escrito da forma 2k+1 com k inteiro. Quando se diz que uma coisa é ímpar deveria se dizer que ela é única. E isso é aceito (até...). Mas isso está se banalizando, e pessoas não sabem mais como usar a palavra.
Dizer quando o número de processos é tão grande para poder ser processado (e por isso se está "atolado", como se deve estar faz tempo) que é um "número de processos ímpar" é uma total bobagem. O número pode ser grande, pode ser incontável. Se os processos não podem ser divididos com resto nulo entre dois juízes, isso não é motivo para um número ser grande. E não diz muito, não no caso dos processos.

sobre a "enturmação"

Yeda afirma que "segundo as estatísticas, e em turmas muito pequenas o nível de aprovação é muito alto e, em turmas maiores, sobem os índices de aprovações".

Primeiro: isso não vale. Não diz a separação do que são turmas pequenas e turmas maiores. Porque se as turmas maiores forem as semelhantes às atuais (ao menos do que se conhece) então o que ela falou não tem sentido (quer dizer, tem, mas não implica no que ela prentende fazer). Ainda mais dizendo que as turmas pretendidas não ocorrem, então se estaria saindo do nível ideal (mas isso é mais a nível de especulação... também não vale). E ela não cita daonde vem essa estatística, então ela não deve ser confiável. (Aliás, as estatísticas não são confiáveis. Não pelo processo, mas sim pelo conceito.) E então, menos confiável para se tomar uma medida dessas.
Curioso (bom, talvez não devesse ser levando em consideração outros aspectos) que para o governo o que importam são os índices de aprovação. Acho (o que tem pouquíssima importância, já que para um estudante de Ensino Fundamental ou Médio [onde as notas não costumam ficar para a posterioridade] o julgamento pode ser outro) que o que mais importa é o que se leva, e não se levar. Pouco adianta mais alunos passarem mas eles estarem pior preparados para lidar com a vida (nem precisamos dizer "o trabalho" aqui). Independente das aprovações (que acho que vão decair pelo que será escrito logo em seguida), o amontoamento (prefiro-a porque essa palavra já tem um sentido mais visual) de alunos vai prejudicar consideravelmente (pra não soltar um "pacaraio") a aprendizagem (bom, isso acho que todo mundo sabe). A menos que estatísticas digam o contrário, mas não é o caso, tanto que não são recomendadas turmas com muitos alunos (pelo Ministério da Educação brasileiro; não sei como é nas outras culturas).

Mais uma com números: se querem botar de 35 a 50 alunos por turma no Ensino Médio, então por que aparecem pessoas ligadas ao governo para dizer que não haverá turmas com 50 alunos? Acho que a explicação é a memória curta das pessoas que preferem se satisfazer com uma afirmação e logo esquecem (nesse caso, vale tanto para estudantes como não-estudantes).

Talvez se fossem ainda mudanças mínimas nas turmas (como acontece quando uma pessoa vai entrar, em qualquer instante do ano), seria admissível. Só que cidades pequenas não têm condições de ter muitos alunos para diminuir uma turma sem aumentar muito as outras (acho que não está confuso). Dependendo a cidade, pode haver aumentos consideráveis na quantidade de alunos por turma (até três para dois, ou até dois para um, se bobear, em municípios menores). A atitude do governo (para não repetir que a governadora isso ou aquilo) foi inconseqüente. Afirmam ao mesmo tempo que não mexeram nas turmas iniciais e que das 53035 atuais (em escolas estaduais) serão retiradas 2390. Talvez dessas não mais que dois quintos serão alteradas; mas como algumas escolas (e devem ser muitas) só têm uma turma por série e portanto não se pode reduzir o número, a redução acabará caindo pesado em cidades de tamanho intermediário (isso poderia ser definido melhor).

Fonte, quando preciso:
Site do Governo do Estado do Rio Grande do Sul
www.rs.gov.br/master.php?capa=1&int=noticia&notid=60086&menu=13&submenu=&vg=&vac=

09 agosto, 2007

manifesto

A educação do Estado a cada dia mostra o quão fraca e sem condições de formar bons cidadãos está. Aliado a isso temos as atitudes retrógradas e absurdas que nossa Senhora Governadora Yeda Crusius resolveu tomar (visando que sem a consulta do povo, o qual é o mais atingido) em relação ao "amontoamento" de alunos em condições precárias e em salas de aulas sem tamanho para tanto. É chocante que a maioria da população não saiba (ou finja não saber; atitude mais cômoda) que essas mudanças trarão dificuldades enormes aos estudantes do ensino público estadual, prejudicando toda a àrea da educação, a qual é a base de todo o sistema.
Agora, por que a mídia não divulga informações como esta? Por que não dá ênfase a problemas que são realmente prioridade? Sim, sabemos a resposta. E ela é tão maçante que não precisa nem ser escrita aqui por mim. É tétrico ver o Rio Grande do Sul, estado que já foi pioneiro em tantas àreas, ser arrastado dessa forma mecânica para a miséria e o descaso. E o povo, único grupo com a força necessária para mudar essa situação, continua com os olhos vendados. Até quando suportaremos?

08 agosto, 2007

das cotas na UFRGS

Pra começar, a opinião de quase todas as pessoas sobre as cotas depende somente da sua vida e de seus próprios interesses. O que importa nas cotas é elas trarão vantagem ou desvantagem, se fica mais fácil ou mais difícil pra entrar, pra si mesmo, para os filhos, os irmãos, os cônjuges, os amigos, para os avós, sei lá. Praticamente é somente isso que ouço, de pessoas infelizes porque as cotas diminuiriam suas chances de ingressar no tão sonhado ensino superior. E como sou alguém que só convive com a vaca, digo, com a nata (não é sério) da sociedade, essa é a reclamação mais comum. (Comer se faz sem muito alvoroço, geralmente. Aproveitar brechas não precisa ser comentado por quem é favorecido. A não ser entre seus pares, e não sou par de ninguém.)
Então, acho que ninguém tem pose para falar. Tampouco têm base para poder falar os reitores, ou as cabeças mais pensantes (gerencial e administrativamente falando) da universidade, que promovem qualquer ato que aprovam. "Agora que já se decidiu, deve ser o certo" é o pensamento. Afinal, pensar e repensar na mesma coisa (alguma conexão com outro post?) pode dar a impressão de dúvidas, e isso é algo que não se pode de forma nenhuma mostrar aos outros. (Isso é causa de muitas coisas idiotas que ocorrem, decisões internacionais, mas isso pode ficar para outra hora.) E também os universitários (da UFRGS) não devem ter muita competência para tocar no assunto; afinal, já estão "lá" (é comum fazer isso).
E por isso não se pode falar? (Alguma música associada?) Bem, acho que o silêncio só interessa aos mudos e aos não-veiculadores de palavras.

Então falaremos.
Pra começar esta segunda parte, não sei se é tão injusto que se discriminem os alunos que passem através de cotas. Porque eles acabaram discriminados no processo de vestibular. Até na universidade devem ser discriminados pela forma como entraram (não creio que isso será apagado). Daí se poderia invocar isso a qualquer momento, e não sei se isso é ilegal.
Uma coisa diferente: acho que até poderia haver um apoio para estudantes carentes, agora favorecer raças me é absurdo. A menos que se assuma que se os negros sejam intelectualmente inferiores (mas mesmo que alguém falasse isso, esquecendo do preconceito e da discriminação), só por isso eles teriam mais direito de entrar na universidade? E se o motivo for porque negros, devido ao período de escravidão, se encontram em camadas mais pobres e proporcionalmente estudam mais em escolas públicas, então a solução não passa por um tratamento aos negros, e talvez por uma ajuda a quem veio de uma camada mais pobre ou estudou em escola pública. Baita racismo ajudar uma raça.
Agora, outra dúvida: se uma pessoa é desfavorecida por algum motivo, então deve-se facilitar o seu acesso à universidade? Aqui devemos lembrar que se alguém ingressa, alguém é privado de fazer o mesmo. (Ou seja, não se pode falar aqui nas rampas para deficientes físicos. Estamos falando de vagas na universidade pública.) Acho que isso não é necessariamente verdadeiro. (Sei que meus passos não são suficientes lógicos para conduzir a uma demonstração por absurdo.) Se fosse assim, que toda dificuldade imposta tivesse de ser recompensada, talvez se considerasse justo um auxílio para pessoas que são órfãs de pai ou mãe, pois sofreram privações (basicamente de caráter emocional) que podem tê-las prejudicado. Talvez também fosse justo que fosse dado a pessoas obesas, que sofrem preconceito também (e que é bem menos condenado que o racismo) e podem ter dificuldades em arranjar um emprego. Pessoas que quando crianças tiveram um presente de Natal negado poderiam ter ficado traumatizadas, e por esse risco (talvez não seja só um risco, talvez todo episódio principalmente quando somos mais novos tenha grande influência na pessoa que se forma e desabrocha) talvez mereceriam também uma compensação? Bem, acho que essas dificuldades são difíceis de serem comprovadas ou negadas (nem me passa na cabeça se são impossíveis ou não [acho que aqui não importa]). Agora, só por causa de uma dificuldade deve-se agregar a ela um contrapeso favorável para tentar manter um equilíbrio? Acho que a pergunta não tem muito sentido porque não foi adequado usar "equilíbrio" numa pergunta assim sobre coisas que não temos a mínima idéia do que são (é, sabemos pouquíssimo. E o conhecimento acaba? Discutiremos isso outra vez...). Acho que não necessariamente. Mas há um motivo mais forte: favorecendo alunos de escolas públicas também se favorecem alunos de escolas militares que comumente têm um ensino melhor que os colégios particulares. Deixando-se as escolas militares nesse conjunto favorecido é criada uma vantagem enorme para alunos delas. Ninguém pensa em excluí-las, claro, seria algo muito preconceituoso (é mais fácil dar muito a alguns que se assumir que para isso se tira pouco de muitos). E se fosse exclui-las, quais seriam as escolas públicas que deveriam ser tratadas como quais? Se houvesse um critério haveria escolas tentando colocar-se logo abaixo desse critério, tentando reduzir, mas só um pouco!, a qualidade do ensino (bom, um cenário bem improvável). Mas mesmo assim, acho que tenderíamos a uma classificação que a burocracia não deixaria existir. Este é um furo razoavelmente largo. E sem desculpas do tipo de quem estudantes de colégios militares entram de qualquer forma. Se crêem realmente nisso, então extingüam o vestibular a eles a fim de cortar um pouco de gastos e deixem-nos entrar livremente.
Outro ponto: talvez nem fosse tão saudável baixar um pouco o nível dos alunos; isso poderia comprometer a qualidade do ensino. Mas, sendo irônico, isso nada importa aos governos. Aliás, tanto melhor. Mesmo assim, há pontos bem mais críticos e furos bem mais embaixo, de forma que não acho necessário lembrar que usar alunos menos capacitados pra entrar (afinal, haveria gente com melhor desempenho no vestibular) poderiam atrapalhar um pouco os outros. Não afirmo que seria muito drástico, muito menos que seria praticamente nulo: ainda não consigo mensurar as influências num ambiente assim.
Talvez fosse justo, sim, reduzir o preço da inscrição para o vestibular para certos alunos (mas não por distinção de raça!). Acho que renda seria o melhor critério. E também pode ser justo ajudar o estudo de alunos mais pobres com moradia ou auxílios-carências (acho que as duas palavras flexionam para o plural...).

(Falei da UFRGS [Univeridade Federal do Rio Grande do Sul, para os estranhos], mas deve valer também para cotas de outras universidades que adotem sistema semelhante.)

(No fim apresento-me, tentando evitar enganos de quem lê durante a leitura: sou um estudante de Matemática na UFRGS.)

07 agosto, 2007

de ateísmo

Uma certeza humana (ou seja, nada tão certo assim) pode tanto ser óbvia como ser um engano. Por muito tempo não falo nem discuto mais sobre religião. O assunto parece morto, encerrado, algumas perguntas respondidas (da forma que podem ser). Não parece haver jeito de haver qualquer forma de poder maior, ou divindade. Agora, não se sabe o que é conhecimento adquirido (e bem compreendido) ou teimosia. Não conheço nenhuma linha decisiva (terei que construir!) que separe o teísmo do ateísmo. Então, não sei se se pode ficar sem discutir um assunto dessa importância.

06 agosto, 2007

talvez Sócrates

Não é válido discutir qual foi o "maior" homem de todos os tempos. Alguém pode sugerir Newton, outros Darwin, talvez Sócrates, e até Pelé. Socratés filósofo da Grécia antigo, não o jogador de futebol (até que isso parece um pouco com o que Luis Fernando Veríssimo fez em alguns dos seus "contos").
Talvez Sócrates não tenha sido tão brilhante assim. Ok, um "só sei que nada sei", mas isso não demonstra nenhuma habilidade superior. Superior a todos os outros, eu quis dizer. Outra pessoa poderia ter descoberto a mesma coisa tempos depois. Pode ter sido uma boa sacada (é difícil pensar que seja nesse caso tão distinto, de tanta originalidade filosófica e estrutural [até que a frase tem seu charme {apesar de eu conhecer uma elaboração parecida que me pareça melhor}], mas ainda assim foi uma idéia), mas ela poderia ter sido "descoberta" (ou inventada, ainda não se sabe como essas coisas ocorrem) por outra pessoa. Então talvez Sócrates não fosse o maior dos homens, por maior que tenha sido a sua contribuição ao desenvolvimento do mundo.
Acho que os "argumentos" do parágrafo anterior seriam melhor aplicados a Darwin e Newton. Eles foram pioneiros, e originais em suas descobertas (nesse caso mais Darwin que Newton, porque Leibniz também desenvolveu o cálculo diferencial e integral [apesar de algumas coisas que não serão faladas aqui], e na época de Darwin ninguém deu um chute tão bom como ele), mas alguém poderia ter sido o precursor de sua descobertas. Então, por mais importantes que tenham sido (ou que se diz, claro, há um grande fingimento aqui, mente atenta), não deveriam ser chamados de "o maior homem".
Agora, pelo que dizem, ninguém jogou futebol melhor que Pelé. E o que ele fez talvez não dependa tanto do que ocorrerá (isso foi maluco!).
(Bobagem, sem valor nutricional.)

das coisas que viram moda.

O que era novidade se torna comum. Sim, uma coisa natural de se acontecer. Mas certas coisas sérias se tornam comuns de uma forma um pouco rápida demais. Um ótimo exemplo disto é a "Física Quântica". Quanto se ouve falar dela agora, não é mesmo? Claro, todos falam. Mas, quem realmente sabe o passo grande (ou não) que ela significa para a ciência? Poucos, pouquíssimos, quase ninguém. Virou moda "conversar" sobre física quântica. Não que isso não tenha que ser feito, não é isso. Mas o que é mais perigoso: falar sem saber (e assim, quem sabe, passar uma idéia errônea do assunto discutido) ou não falar?
E a assim são as coisas. Elas viram moda. Assim foi com as declarações de "amor" cotidianas (e falsas) propiciadas pela solidão da internet, assim foi (e está sendo, ainda) com o "aquecimento global", assim foi com aquela novela mexicana. E depois que se tornam triviais perdem a graça, não se sente mais um prazer em falar nelas. Porque todos sabem, porque todos fingem saber. É comum, é mecânico, é quase "antinatural". É falso, quem sabe.
A vida virar moda, coisa triste de acontecer.