24 julho, 2007

divisões desnecessárias

Não entendo porque alguém defenderia que há um id, um ego e um superego (claro, supondo que os motivos para defesa fossem lógicos e não estratégicos). Se às vezes agimos de uma forma, e às vezes de outra, não quer dizer que encorpamos outros seres (mesmo que sejam estritamente ligados a nós). A não ser que admitimos, então, em vez da discrição de uma tripartição (talvez haja um nome melhor, talvez tricotomia, mas não sei direito sobre o assunto para afirmar), que somos um a cada momento, mas como essa frase tem sujeito (e que pode ser singular), então há uma unidade que prossegue no tempo (pelo menos é para isso que damos os nomes depois de as coisas acontecerem... ninguém apresenta características comuns [ou melhor, comumente usadas ou admitidas, um consenso, talvez] de felicidade simplesmente por se chamar "Feliz"). Então, bobagens todas essas coisas.
Não convencido? Que tal dizer que eu tenho um igue, um gelo e um supergelo? O igue é quando compro alguma coisa, o gelo é quando observo mas não compro e o supergelo é quando evito (pelo objeto não me atrair). E aí sou três, né? Psicologicamente corretamente psicanalítico.
(Isso sem contar os patinadores que atiraram ouro nos ovos sulamericanos.)

23 julho, 2007

de quem reclama do tempo

Queria muito que se concretizassem os desejos (se fala acontece, não é?) de quem esbraveja: "Chuva de merda!", "Vento de merda!". Podia ser até na minha cidade, eu ia achar engraçado.

do real interesse

Esse nome tem duas facetas, é muito interessante.
Acho que a maioria das pessoas, quando pergunta alguma coisa, querem, na verdade, certificar-se de outra. (Talvez mais adequado que "maioria das pessoas" fosse a "maioria das pergunta feitas".) Não sei o quanto essa atitude é repreensível (estou com moral nenhuma para repreender ninguém, e isso faz tempo, e abusam da minha nobreza [uma vez somente aproveitavam]), mas ela é bem disseminada. Muitas revelações se esperam de um inocente "Tudo bem?" ou de um "Como vai?". Não revelações como verdades inegáveis sobre divindades, inéditas até então (mas dos mesmos diretores), nem revelações sobre a natureza de partículas ou variedades, e sim revelações de vida pessoal. Fofoca, é a palavra. (E tem aquela da fofoca e da babaleia...) E nessas falsidades do convívio diário (ou sorte de quem não for submetido a isso com tanta freqüência) e social a gente prossegue, sempre andando de lado. Se para os dois, não sei.
(Uma das facetas citadas inicialmente ficou implícita somente, como se precisasse ser diferente. [Não precisa: agora já sabemos que é falso.])

o que engorda

Não há problemas com o que engorda. O que engorda simplesmente nutre.
O que dizem que engorda não engorda. Uma pena, porque aí eu comeria somente um pouco e garantiria minha alimentação muito facilmente, ficando com o tempo livre para chupar picolés.

do pouco que é necessário.

Para ser feliz se precisa de roupas sempre novas, cabelos sempre lisos, unhas sempre pintadas e lixadas (mesmo que não limpas...), calçados sempre caros, carros sempre com o volume do som alto, casas sempre enormes, rostos sempre sorridentes, corpos sempre esguios, comidas sempre prontas, televisões sempre ligadas, dentes sempre brancos, luz sempre elétrica.

Para ser feliz não se precisa de livros, nem de gestos sinceros, nem de caminhadas pelo bosque, nem de abraços apertados, nem de cheiro de gente, nem de músicas antigas, nem de sonhos idealizados, nem de chuva, nem de sol, nem de corpos estendidos por um lugar qualquer, nem de corpos que se tocam, nem de mãos que escrevem, nem de olhos que enxergam, nem de bibliotecas, nem de frutas sempre coloridas, nem de longas conversas, nem de respiração acelerada, nem de lágrimas silenciosas, nem de patas marcando o chão, nem de macacos nas árvores próximas, nem de roupas sempre riscadas, nem de desejos conservados, nem de sentimentos quase que imperceptíveis, nem de sentimentos descarados.

Realmente, acho que certas pessoas nunca serão felizes.

18 julho, 2007

dos pré-vestibulares

Nem um pouco pré-universitários. Universidade em seu sentido original (e me perdoem, mas não é que elas foram criadas na Idade das Trevas?) parece(ria) significar um universo de (idades, apressa o aluno reprovado) idéias, um sistema produtor de conhecimento em todas as áreas. Mas vamos ao que interessa, que é a crítica. (Não devia ter antecipado assim...)
Vestibular seria um discriminante (em ótimo sentido). Separaria quem está apto (ou melhor, os mais aptos) para "cursar um curso" "superior" (bem, é superior que chamam, né? Então é). Acho que melhorar as pessoas, ensinando-as, pode ate ser válido. Só que o objetivo, pelo menos o passado (para não dizer "o real") não é tornar-se bom para passar no vestibular, mas simplesmente passar! Os pré-vestibulares burlam essa lógica de os melhores entrarem (bem, vamos supor que há alguma competição). Na verdade, aqui há a questão de o que vem a ser melhor. Porque uma dica de como chutar no vestibular (diganos que baseada na distribuição das questões) poderá "melhorar" o vestibulando para a prova. Acho que a idéia da prova é ser um teste de entendimento, conhecimento e redação (não sei direito). Não sei o quanto isso é um teste de capacidade de vida, mas deve ser bom para quem deseja cursar algo "superior". (Esse deve ser um truque, uma conspiração, referências dos pré-vestibulares nos fazem questionar as provas e não eles.)
Então esquecemos a prova. E esquecemos os argumentos, porque ainda há aquela idéia fatalista de inevitabilidade (ou seja, totalmente redundante) das coisas, que talvez possam anular todos os argumentos. Eu só queria dizer que talvez pudesse haver qualquer seleção que não fosse a do dinheiro, que isso reverte um pouco quem está mais capacitado e pode se tornar um bom profissional (bem, aqui há uma força contrária, que quem tem mais dinheiro é mais capaz de comprar livros e arcar com os custos do curso em geral). Mas tudo bem, talvez quem possa pagar possa ser injusto, é assim mesmo. (Talvez ter cifras seja uma qualidade que auxilia nas atividades da vida, e no caso, temos forças opostas, e não sei se há um equilíbrio. Pode esquecer o texto, agora que o leu, porque ele pouco será útil aqui nesse país. Ele é muito surreal.)

17 julho, 2007

ícones falsos

Curioso que se pode criar ícones totalmente falsos sem sofrer processos. Por exemplo, pode-se usar em toda uma carreira musical que o amor existe e que as pessoas se apaixonam. E ficam terrivelmente apaixonadas, caem em amor, sei lá. E é tão descarado. Quantas pessoas não casaram com a pessoa errada, transaram, beijaram, simplesmente por acreditarem no amor e em coisas parecidas? E como ficam? Bem, desamparadas, ou continuam enganadas pela farsa.
Em compensação, devemos agradecer ao Latino e a muitos MC's por mostrarem a mediocridade em suas músicas, que é real.

todo mundo está tentando

As almas que ainda não nasceram ficam perambulando por entre os corpos vivos para conseguirem nascer. Quando efetuam seu objetivo, dois gametas se fundem e então começa um longo desenvolvimento que, se não for interrompido, resultará num ser humano.
Só que as almas, mesmo tendo a experiência por terem sido imortais, não têm muita consciência de onde podem procurar um corpo que as materializará. Tanto que na década de 60 muitas almas tentavam nascer, sem sucesso, por meio de Lennon/McCartney, como eles declararam na música Everybody Is Trying To Be My Baby.

Obs: Na verdade, para não ser processado por calúnia, informo que o exposto acima não é totalmente correto. Então, faço essa observação para correção. As almas, apesar da beatlemania vigente impelir qualquer um a tentar nascer com um traço qualquer de um dos beatles, não se manifestaram neles. A música é, na verdade, de Perkins. Esse sim sofreu o assédio de almas carentes que tentaram nascer por intermédio dele (que seria absurdo).

06 julho, 2007

filmesfólifos

Não tenho muito como afirmar no que cinema seria tão diferente de moda. Não entendo porque pessoas não podem perder aquele filme no cinema ou não podem deixar de comprar aquela roupa. Não acho que seja necessário acompanhar quaisquer novidades em qualquer uma dessas "áreas". Talvez ambas sejam bem fúteis. Talvez tenham o sentido dela mesmas, então algo entre colchetes (que aprendi que são "brackets" em inglês) [se eu não vejo sentido nelas então não devem ter sentido pra mim.] Talvez somente para impressionar, e essas coisas, fazer sentir algo.
Agora, se moda cheira (ou fede!) a consumismo, cinema lembra capitalismo e coisas rápidas. Sim, precisa ser em duas horas, não há tempo para ler um livro. (Talvez desse pra ligar com aquilo dos pares, mas deixamos assim. [Há tantos "argumentos" que posso abdicar deles. {xP}])
Mas isso não interessa. Nada interessa.
Qualquer um sabe a sua verdade, e ninguém convence ninguém. Ou seja, só a si mesmo, pois ser ninguém é relativo e variável.

03 julho, 2007

Básico

O menino sentia, a menina grunhia, e o homem podia passar as mãos nos seus cabelos. E todos os pensamentos convergiam para algum mesmo lugar, um lugar distante do qual podia sentir qualquer cheiro de terra úmida. Úmida, molhada, essas palavras lembram aqueles olhos da última vez que os viu. E ninguém chorou nessse intertempo, o que é curiosíssimo.
Sim, isso estraga qualquer coisa e qualquer idéia.