03 novembro, 2007

E então, apenas está.

Em algum lugar no sorriso dela.

03 outubro, 2007

Ponto verde

Revivendo algo que já morreu. Brotos podem surgir trazendo à tona uma floresta nunca cultivada.

09 setembro, 2007

Fim total.

Vim aqui por (quase) nada, acho. Anuncio o fim do Campos de Morangos Mofados. Ele morreu semana passada (acho que posso, sem erro, afirmar que ele já vinha definhando há algum tempo. Culpa de quem vos escreve...), e foi uma morte silenciosa. Depois de descoberto o corpo houveram algumas lágrimas, claro. Mas isso não é o bastante para ressuscitar algo. Coisas boas partiram dele. Enquanto viveu (e até agora, que ainda é possível observar as marcas deixadas) teve -e não minto- grandes momentos. Algumas pessoas dedicaram seu raro tempo a pensar em coisas bonitas para deixar aqui. Melhor não esconder a verdade: foi uma (pessoa), apenas. Palmas para ela.
Ainda estamos pensando no que fazer com o corpo. Por enquanto ele permanece aqui, e quem quiser visitar um defundo que se sinta à vontade. A casa é sua, não minha. Os morangos se acabaram. Apodreceram todos, os ramos secaram. Agora só se vê a terra, quente. Mas não fiquemos tristes, que um novo semeador pode passar por aqui.
Adeus Campos de Morangos Mofados.
Adoro seu nome.

03 setembro, 2007

fim parcial

Eu estou desistindo de postar aqui.
Então o blog passa a ser da Thai (é assim que aparece seu nome).
Vida longa, mas sem bolachas de chope. (Uma vez eu achava que era de comer. Acho que só descobri que não esse ano, e nem tinha me dado conta.)
Bom, é isso. Nada mais. Quem quiser construir por cima, construa, mesmo não sendo tão plano (é um castelo arruinado [quem nunca derrubou um castelo a cotoveladas pode imaginar o quarto castelo do jogo Super Mario World para Super Nintendo]).
(Eu falo nada mais, mas sempre continuo, né?) Bem, a palavra "parcial" do título do post se deve a um conceito mais ou menos novo que estou aprendendo.
Bem, assim eu largo os ovos. ("Passar a bola" está velho.)

27 agosto, 2007

das possibilidades que são "muitas".

Quem fez o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) nesse domingo pode perceber o quão ridícula é a prova, o quão sem um maior nível de dificuldades são as questão, e, principalmente, o rumo à precariedade que anda o nosso ensino. Com questões onde pensar é aumentar a chance de erro, e com um tema de redação insosso rondando a propagação da falta de criatividade, o governo, mais uma vez, se superou. Ora, o que pensam os nossos governantes adotando projetos desse tipo? O que querem? Que mais pessoas sejam aprovadas sem o mínimo de conhecimento possível, só pode ser isso. Aumentar o número de aprovados não significa melhorar o nível da qualidade do ensino. Está muito fácil fazer uma faculdade, está muito fácil freqüentar uma escola. E não venha, caro leitor, me falar em "educação para todos"! Isso eu também quero, por isso eu também luto. Mas quero educação de qualidade, e não um amontoamento de alunos em salas de "aula mal ambientadas" e precárias com professores despreparados e apáticos. E claro, não deve-se esquecer de que uma boa formação precisa de todas as etapas para ser completa. Ou seja, do que vale um semi-analfabeto adentrar num ensino superior sem ter passado por um bom ensino anterior? Eu gostaria de poder mudar algumas coisas...

26 agosto, 2007

de redações para vestibular

É um negócio mal fundamentado o que se ensina nos cursinhos sobre isso. (Apesar de talvez dar certo, mas vamos verificar as engrenagens.)
Nas (ou para as)redações se é incentivado a ser criativo. Só que é difícil ser criativo de verdade se há as fórmulas que dizem como sê-lo. Qualquer redação fica trivial; devemos evitar os jargões e as palavras repetidas. Truques criativos existem prontos, e existem pessoas meio que disponíveis a ensiná-los. Mas como dizer que se pode ensinar a convencer uma pessoa? Como fazer padrões? E porque as pessoas que corrigem aceitam esses padrões? Se já estão tão unificado (claro, nem tanto, mas considere que muitas pessoas, mesmo, fazem cursos pré-vestibular e têm mais ou menos as mesmas dicas para redação [quer dizer, nem disso sei, mas ao menos elas devem ser fundamentadas para o mesmo sentido]), então é de se surpreender (se fôssemos éticos de verdade, e também um pouco ingênuos) que caiam nesses truques. Ou está escrita uma convenção de que quem faz certas coisas é porque realmente sabe e não porque foi sugerido que foi feito.
E o padrão da forma? Dois parágrafos de desenvolvimento, é isso que sugere? Desenvolver um, desenvolver outro, depois ponderar (é assim?). Olha, que coisa ridícula, mas é bem propício para selecionar pessoas para viverem num mundo medíocre, quem sabe de solicitações, e de todas as coisas do gênero (humano? não, não sei direito). Então se pega para o que se quer, e nisso o processo está fluindo corretamente. Façamos que sabemos: essa é a moda e a lei do convívio (profissional? também não sei).
Mas ainda torço para um pouco de ética, pensamento, sentimento (bastante desse) e ingenuidade agirem na formação de posts para falar sobre isso.

caminhar e dirigir

Não se faz muito esforço mental (do tipo burocrático) enquanto se caminha, o que deixa o cérebro suficientemente livre para se deleitar nas idéias que quiser. Pensei isso ao caminhar na calçada; talvez ao atravessar a rua se deva ter algum cuidado.
Quem dirige acaba muitas vezes por se tornar escravo do ato (assim como acontece com celulares, televisão, computadores e blogs [eu disse blogs? por conseguinte {ou um depois}, não leve a sério a lista]), e isso, como se escreve nas redações, pode ser prejudicial ao ser humano (como um todo? não, disso não precisamos). Ainda não tenho licença para dirigir (nem para matar nem para fugir), mas acho que deve ser tão robótico ficar sentado em um carro tendo de guiá-lo. E nem falaremos das novidades que prometem melhorar a vida dos motoristas (na verdade, isso se aplica a tantas coisas...). O que há é somente um processo de unificação e despessoalização. Um pequeno exemplo (um bit) é a buzina: quando de mim (pensando em mim) não se perderia buzinando para os conhecidos? É um bit, ou se buzina, ou não, ou ainda se manda aquela coisa ridícula contínua, mas quem está no volante e tem o poder? Não, mutante errante, não tem.
Então, para se manter em pé, nada como caminhar.

certa lei da propaganda

A cada propaganda corresponde uma única outra propaganda, de mesma posição e mesmo tamanho, mas voltada para o outro lado para que os carros que vêm no sentido oposto também tenham algo para distrair suas mentes.

o primeiro passeio no parque

Não digito à máquina de escrever que de tão sagaz escreveu muitas sagas. Do controle unificado parte-se à solidão na multidão. Ainda assim, tenho força de qualquer coisa como qualquer pessoa em certo sentido.
Existem coisas das quais dificilmente um ser humano pode ser privado. São coisas fortes. Assim como não se priva um cadáver do seu sono e da sua super austeridade (mesmo eu não sabendo direito o que é isso) não se exime uma pessoa do prazer de ter dormido e dormir. Sonhar é por conta de cada um, como qualquer coisa. Mesmo lugares frios e desaconchegantes não são entraves ao momento tal do sono, o momento em que se pega nele, e se agarra, como a uma ave que pode nos levar a qualquer lugar (que ela queira, veja bem).
Também existem coisas muito fortes, mas que até que não precisam necessariamente serem pessoais. São as palavras, e as letras, que existem num mundo complexo (não, na verdade elas naõ existem... mas isso é somente o que diz um ser que se acha existente, e por isso proclama sua superioridade sobre outras coisas quaisquer, de nome ou não). Escrita complexa, subvertendo as ordens, sem que por isso haja crases e ubiqüidades muito ambíguas no contexto hiperbólico. Li há alguns minutos atrás Memórias Póstumas de Brás Cubas enquanto eu ainda estava vivo, e isso pode me impulsionar, como um jardineiro em um trampolim - não de rosas. Entendi muito bem por que motivo em alguns momentos é desejável o uso de vírgula e não de travessão ("sim - concordou" pode ser estranho aos olhos não vadios), e não pode ser proibido o uso de muitas matrizes coluna ponto e vírgula. Saiu; e continua, sem outra pausa, maior ou menor. Medida certa.

20 agosto, 2007

compensação

Pessoas agradecem ao deus cristão por terem comida na mesa. Em compensação, não se louva o desfragmentador de disco do Windows.

Um post pequeno contra a injustiça.
E a favor do que eu acho correto.

11 agosto, 2007

banalização de coisas ímpares

Definimos ímpar um número inteiro que possa ser escrito da forma 2k+1 com k inteiro. Quando se diz que uma coisa é ímpar deveria se dizer que ela é única. E isso é aceito (até...). Mas isso está se banalizando, e pessoas não sabem mais como usar a palavra.
Dizer quando o número de processos é tão grande para poder ser processado (e por isso se está "atolado", como se deve estar faz tempo) que é um "número de processos ímpar" é uma total bobagem. O número pode ser grande, pode ser incontável. Se os processos não podem ser divididos com resto nulo entre dois juízes, isso não é motivo para um número ser grande. E não diz muito, não no caso dos processos.

sobre a "enturmação"

Yeda afirma que "segundo as estatísticas, e em turmas muito pequenas o nível de aprovação é muito alto e, em turmas maiores, sobem os índices de aprovações".

Primeiro: isso não vale. Não diz a separação do que são turmas pequenas e turmas maiores. Porque se as turmas maiores forem as semelhantes às atuais (ao menos do que se conhece) então o que ela falou não tem sentido (quer dizer, tem, mas não implica no que ela prentende fazer). Ainda mais dizendo que as turmas pretendidas não ocorrem, então se estaria saindo do nível ideal (mas isso é mais a nível de especulação... também não vale). E ela não cita daonde vem essa estatística, então ela não deve ser confiável. (Aliás, as estatísticas não são confiáveis. Não pelo processo, mas sim pelo conceito.) E então, menos confiável para se tomar uma medida dessas.
Curioso (bom, talvez não devesse ser levando em consideração outros aspectos) que para o governo o que importam são os índices de aprovação. Acho (o que tem pouquíssima importância, já que para um estudante de Ensino Fundamental ou Médio [onde as notas não costumam ficar para a posterioridade] o julgamento pode ser outro) que o que mais importa é o que se leva, e não se levar. Pouco adianta mais alunos passarem mas eles estarem pior preparados para lidar com a vida (nem precisamos dizer "o trabalho" aqui). Independente das aprovações (que acho que vão decair pelo que será escrito logo em seguida), o amontoamento (prefiro-a porque essa palavra já tem um sentido mais visual) de alunos vai prejudicar consideravelmente (pra não soltar um "pacaraio") a aprendizagem (bom, isso acho que todo mundo sabe). A menos que estatísticas digam o contrário, mas não é o caso, tanto que não são recomendadas turmas com muitos alunos (pelo Ministério da Educação brasileiro; não sei como é nas outras culturas).

Mais uma com números: se querem botar de 35 a 50 alunos por turma no Ensino Médio, então por que aparecem pessoas ligadas ao governo para dizer que não haverá turmas com 50 alunos? Acho que a explicação é a memória curta das pessoas que preferem se satisfazer com uma afirmação e logo esquecem (nesse caso, vale tanto para estudantes como não-estudantes).

Talvez se fossem ainda mudanças mínimas nas turmas (como acontece quando uma pessoa vai entrar, em qualquer instante do ano), seria admissível. Só que cidades pequenas não têm condições de ter muitos alunos para diminuir uma turma sem aumentar muito as outras (acho que não está confuso). Dependendo a cidade, pode haver aumentos consideráveis na quantidade de alunos por turma (até três para dois, ou até dois para um, se bobear, em municípios menores). A atitude do governo (para não repetir que a governadora isso ou aquilo) foi inconseqüente. Afirmam ao mesmo tempo que não mexeram nas turmas iniciais e que das 53035 atuais (em escolas estaduais) serão retiradas 2390. Talvez dessas não mais que dois quintos serão alteradas; mas como algumas escolas (e devem ser muitas) só têm uma turma por série e portanto não se pode reduzir o número, a redução acabará caindo pesado em cidades de tamanho intermediário (isso poderia ser definido melhor).

Fonte, quando preciso:
Site do Governo do Estado do Rio Grande do Sul
www.rs.gov.br/master.php?capa=1&int=noticia&notid=60086&menu=13&submenu=&vg=&vac=

09 agosto, 2007

manifesto

A educação do Estado a cada dia mostra o quão fraca e sem condições de formar bons cidadãos está. Aliado a isso temos as atitudes retrógradas e absurdas que nossa Senhora Governadora Yeda Crusius resolveu tomar (visando que sem a consulta do povo, o qual é o mais atingido) em relação ao "amontoamento" de alunos em condições precárias e em salas de aulas sem tamanho para tanto. É chocante que a maioria da população não saiba (ou finja não saber; atitude mais cômoda) que essas mudanças trarão dificuldades enormes aos estudantes do ensino público estadual, prejudicando toda a àrea da educação, a qual é a base de todo o sistema.
Agora, por que a mídia não divulga informações como esta? Por que não dá ênfase a problemas que são realmente prioridade? Sim, sabemos a resposta. E ela é tão maçante que não precisa nem ser escrita aqui por mim. É tétrico ver o Rio Grande do Sul, estado que já foi pioneiro em tantas àreas, ser arrastado dessa forma mecânica para a miséria e o descaso. E o povo, único grupo com a força necessária para mudar essa situação, continua com os olhos vendados. Até quando suportaremos?

08 agosto, 2007

das cotas na UFRGS

Pra começar, a opinião de quase todas as pessoas sobre as cotas depende somente da sua vida e de seus próprios interesses. O que importa nas cotas é elas trarão vantagem ou desvantagem, se fica mais fácil ou mais difícil pra entrar, pra si mesmo, para os filhos, os irmãos, os cônjuges, os amigos, para os avós, sei lá. Praticamente é somente isso que ouço, de pessoas infelizes porque as cotas diminuiriam suas chances de ingressar no tão sonhado ensino superior. E como sou alguém que só convive com a vaca, digo, com a nata (não é sério) da sociedade, essa é a reclamação mais comum. (Comer se faz sem muito alvoroço, geralmente. Aproveitar brechas não precisa ser comentado por quem é favorecido. A não ser entre seus pares, e não sou par de ninguém.)
Então, acho que ninguém tem pose para falar. Tampouco têm base para poder falar os reitores, ou as cabeças mais pensantes (gerencial e administrativamente falando) da universidade, que promovem qualquer ato que aprovam. "Agora que já se decidiu, deve ser o certo" é o pensamento. Afinal, pensar e repensar na mesma coisa (alguma conexão com outro post?) pode dar a impressão de dúvidas, e isso é algo que não se pode de forma nenhuma mostrar aos outros. (Isso é causa de muitas coisas idiotas que ocorrem, decisões internacionais, mas isso pode ficar para outra hora.) E também os universitários (da UFRGS) não devem ter muita competência para tocar no assunto; afinal, já estão "lá" (é comum fazer isso).
E por isso não se pode falar? (Alguma música associada?) Bem, acho que o silêncio só interessa aos mudos e aos não-veiculadores de palavras.

Então falaremos.
Pra começar esta segunda parte, não sei se é tão injusto que se discriminem os alunos que passem através de cotas. Porque eles acabaram discriminados no processo de vestibular. Até na universidade devem ser discriminados pela forma como entraram (não creio que isso será apagado). Daí se poderia invocar isso a qualquer momento, e não sei se isso é ilegal.
Uma coisa diferente: acho que até poderia haver um apoio para estudantes carentes, agora favorecer raças me é absurdo. A menos que se assuma que se os negros sejam intelectualmente inferiores (mas mesmo que alguém falasse isso, esquecendo do preconceito e da discriminação), só por isso eles teriam mais direito de entrar na universidade? E se o motivo for porque negros, devido ao período de escravidão, se encontram em camadas mais pobres e proporcionalmente estudam mais em escolas públicas, então a solução não passa por um tratamento aos negros, e talvez por uma ajuda a quem veio de uma camada mais pobre ou estudou em escola pública. Baita racismo ajudar uma raça.
Agora, outra dúvida: se uma pessoa é desfavorecida por algum motivo, então deve-se facilitar o seu acesso à universidade? Aqui devemos lembrar que se alguém ingressa, alguém é privado de fazer o mesmo. (Ou seja, não se pode falar aqui nas rampas para deficientes físicos. Estamos falando de vagas na universidade pública.) Acho que isso não é necessariamente verdadeiro. (Sei que meus passos não são suficientes lógicos para conduzir a uma demonstração por absurdo.) Se fosse assim, que toda dificuldade imposta tivesse de ser recompensada, talvez se considerasse justo um auxílio para pessoas que são órfãs de pai ou mãe, pois sofreram privações (basicamente de caráter emocional) que podem tê-las prejudicado. Talvez também fosse justo que fosse dado a pessoas obesas, que sofrem preconceito também (e que é bem menos condenado que o racismo) e podem ter dificuldades em arranjar um emprego. Pessoas que quando crianças tiveram um presente de Natal negado poderiam ter ficado traumatizadas, e por esse risco (talvez não seja só um risco, talvez todo episódio principalmente quando somos mais novos tenha grande influência na pessoa que se forma e desabrocha) talvez mereceriam também uma compensação? Bem, acho que essas dificuldades são difíceis de serem comprovadas ou negadas (nem me passa na cabeça se são impossíveis ou não [acho que aqui não importa]). Agora, só por causa de uma dificuldade deve-se agregar a ela um contrapeso favorável para tentar manter um equilíbrio? Acho que a pergunta não tem muito sentido porque não foi adequado usar "equilíbrio" numa pergunta assim sobre coisas que não temos a mínima idéia do que são (é, sabemos pouquíssimo. E o conhecimento acaba? Discutiremos isso outra vez...). Acho que não necessariamente. Mas há um motivo mais forte: favorecendo alunos de escolas públicas também se favorecem alunos de escolas militares que comumente têm um ensino melhor que os colégios particulares. Deixando-se as escolas militares nesse conjunto favorecido é criada uma vantagem enorme para alunos delas. Ninguém pensa em excluí-las, claro, seria algo muito preconceituoso (é mais fácil dar muito a alguns que se assumir que para isso se tira pouco de muitos). E se fosse exclui-las, quais seriam as escolas públicas que deveriam ser tratadas como quais? Se houvesse um critério haveria escolas tentando colocar-se logo abaixo desse critério, tentando reduzir, mas só um pouco!, a qualidade do ensino (bom, um cenário bem improvável). Mas mesmo assim, acho que tenderíamos a uma classificação que a burocracia não deixaria existir. Este é um furo razoavelmente largo. E sem desculpas do tipo de quem estudantes de colégios militares entram de qualquer forma. Se crêem realmente nisso, então extingüam o vestibular a eles a fim de cortar um pouco de gastos e deixem-nos entrar livremente.
Outro ponto: talvez nem fosse tão saudável baixar um pouco o nível dos alunos; isso poderia comprometer a qualidade do ensino. Mas, sendo irônico, isso nada importa aos governos. Aliás, tanto melhor. Mesmo assim, há pontos bem mais críticos e furos bem mais embaixo, de forma que não acho necessário lembrar que usar alunos menos capacitados pra entrar (afinal, haveria gente com melhor desempenho no vestibular) poderiam atrapalhar um pouco os outros. Não afirmo que seria muito drástico, muito menos que seria praticamente nulo: ainda não consigo mensurar as influências num ambiente assim.
Talvez fosse justo, sim, reduzir o preço da inscrição para o vestibular para certos alunos (mas não por distinção de raça!). Acho que renda seria o melhor critério. E também pode ser justo ajudar o estudo de alunos mais pobres com moradia ou auxílios-carências (acho que as duas palavras flexionam para o plural...).

(Falei da UFRGS [Univeridade Federal do Rio Grande do Sul, para os estranhos], mas deve valer também para cotas de outras universidades que adotem sistema semelhante.)

(No fim apresento-me, tentando evitar enganos de quem lê durante a leitura: sou um estudante de Matemática na UFRGS.)

07 agosto, 2007

de ateísmo

Uma certeza humana (ou seja, nada tão certo assim) pode tanto ser óbvia como ser um engano. Por muito tempo não falo nem discuto mais sobre religião. O assunto parece morto, encerrado, algumas perguntas respondidas (da forma que podem ser). Não parece haver jeito de haver qualquer forma de poder maior, ou divindade. Agora, não se sabe o que é conhecimento adquirido (e bem compreendido) ou teimosia. Não conheço nenhuma linha decisiva (terei que construir!) que separe o teísmo do ateísmo. Então, não sei se se pode ficar sem discutir um assunto dessa importância.

06 agosto, 2007

talvez Sócrates

Não é válido discutir qual foi o "maior" homem de todos os tempos. Alguém pode sugerir Newton, outros Darwin, talvez Sócrates, e até Pelé. Socratés filósofo da Grécia antigo, não o jogador de futebol (até que isso parece um pouco com o que Luis Fernando Veríssimo fez em alguns dos seus "contos").
Talvez Sócrates não tenha sido tão brilhante assim. Ok, um "só sei que nada sei", mas isso não demonstra nenhuma habilidade superior. Superior a todos os outros, eu quis dizer. Outra pessoa poderia ter descoberto a mesma coisa tempos depois. Pode ter sido uma boa sacada (é difícil pensar que seja nesse caso tão distinto, de tanta originalidade filosófica e estrutural [até que a frase tem seu charme {apesar de eu conhecer uma elaboração parecida que me pareça melhor}], mas ainda assim foi uma idéia), mas ela poderia ter sido "descoberta" (ou inventada, ainda não se sabe como essas coisas ocorrem) por outra pessoa. Então talvez Sócrates não fosse o maior dos homens, por maior que tenha sido a sua contribuição ao desenvolvimento do mundo.
Acho que os "argumentos" do parágrafo anterior seriam melhor aplicados a Darwin e Newton. Eles foram pioneiros, e originais em suas descobertas (nesse caso mais Darwin que Newton, porque Leibniz também desenvolveu o cálculo diferencial e integral [apesar de algumas coisas que não serão faladas aqui], e na época de Darwin ninguém deu um chute tão bom como ele), mas alguém poderia ter sido o precursor de sua descobertas. Então, por mais importantes que tenham sido (ou que se diz, claro, há um grande fingimento aqui, mente atenta), não deveriam ser chamados de "o maior homem".
Agora, pelo que dizem, ninguém jogou futebol melhor que Pelé. E o que ele fez talvez não dependa tanto do que ocorrerá (isso foi maluco!).
(Bobagem, sem valor nutricional.)

das coisas que viram moda.

O que era novidade se torna comum. Sim, uma coisa natural de se acontecer. Mas certas coisas sérias se tornam comuns de uma forma um pouco rápida demais. Um ótimo exemplo disto é a "Física Quântica". Quanto se ouve falar dela agora, não é mesmo? Claro, todos falam. Mas, quem realmente sabe o passo grande (ou não) que ela significa para a ciência? Poucos, pouquíssimos, quase ninguém. Virou moda "conversar" sobre física quântica. Não que isso não tenha que ser feito, não é isso. Mas o que é mais perigoso: falar sem saber (e assim, quem sabe, passar uma idéia errônea do assunto discutido) ou não falar?
E a assim são as coisas. Elas viram moda. Assim foi com as declarações de "amor" cotidianas (e falsas) propiciadas pela solidão da internet, assim foi (e está sendo, ainda) com o "aquecimento global", assim foi com aquela novela mexicana. E depois que se tornam triviais perdem a graça, não se sente mais um prazer em falar nelas. Porque todos sabem, porque todos fingem saber. É comum, é mecânico, é quase "antinatural". É falso, quem sabe.
A vida virar moda, coisa triste de acontecer.

24 julho, 2007

divisões desnecessárias

Não entendo porque alguém defenderia que há um id, um ego e um superego (claro, supondo que os motivos para defesa fossem lógicos e não estratégicos). Se às vezes agimos de uma forma, e às vezes de outra, não quer dizer que encorpamos outros seres (mesmo que sejam estritamente ligados a nós). A não ser que admitimos, então, em vez da discrição de uma tripartição (talvez haja um nome melhor, talvez tricotomia, mas não sei direito sobre o assunto para afirmar), que somos um a cada momento, mas como essa frase tem sujeito (e que pode ser singular), então há uma unidade que prossegue no tempo (pelo menos é para isso que damos os nomes depois de as coisas acontecerem... ninguém apresenta características comuns [ou melhor, comumente usadas ou admitidas, um consenso, talvez] de felicidade simplesmente por se chamar "Feliz"). Então, bobagens todas essas coisas.
Não convencido? Que tal dizer que eu tenho um igue, um gelo e um supergelo? O igue é quando compro alguma coisa, o gelo é quando observo mas não compro e o supergelo é quando evito (pelo objeto não me atrair). E aí sou três, né? Psicologicamente corretamente psicanalítico.
(Isso sem contar os patinadores que atiraram ouro nos ovos sulamericanos.)

23 julho, 2007

de quem reclama do tempo

Queria muito que se concretizassem os desejos (se fala acontece, não é?) de quem esbraveja: "Chuva de merda!", "Vento de merda!". Podia ser até na minha cidade, eu ia achar engraçado.

do real interesse

Esse nome tem duas facetas, é muito interessante.
Acho que a maioria das pessoas, quando pergunta alguma coisa, querem, na verdade, certificar-se de outra. (Talvez mais adequado que "maioria das pessoas" fosse a "maioria das pergunta feitas".) Não sei o quanto essa atitude é repreensível (estou com moral nenhuma para repreender ninguém, e isso faz tempo, e abusam da minha nobreza [uma vez somente aproveitavam]), mas ela é bem disseminada. Muitas revelações se esperam de um inocente "Tudo bem?" ou de um "Como vai?". Não revelações como verdades inegáveis sobre divindades, inéditas até então (mas dos mesmos diretores), nem revelações sobre a natureza de partículas ou variedades, e sim revelações de vida pessoal. Fofoca, é a palavra. (E tem aquela da fofoca e da babaleia...) E nessas falsidades do convívio diário (ou sorte de quem não for submetido a isso com tanta freqüência) e social a gente prossegue, sempre andando de lado. Se para os dois, não sei.
(Uma das facetas citadas inicialmente ficou implícita somente, como se precisasse ser diferente. [Não precisa: agora já sabemos que é falso.])

o que engorda

Não há problemas com o que engorda. O que engorda simplesmente nutre.
O que dizem que engorda não engorda. Uma pena, porque aí eu comeria somente um pouco e garantiria minha alimentação muito facilmente, ficando com o tempo livre para chupar picolés.

do pouco que é necessário.

Para ser feliz se precisa de roupas sempre novas, cabelos sempre lisos, unhas sempre pintadas e lixadas (mesmo que não limpas...), calçados sempre caros, carros sempre com o volume do som alto, casas sempre enormes, rostos sempre sorridentes, corpos sempre esguios, comidas sempre prontas, televisões sempre ligadas, dentes sempre brancos, luz sempre elétrica.

Para ser feliz não se precisa de livros, nem de gestos sinceros, nem de caminhadas pelo bosque, nem de abraços apertados, nem de cheiro de gente, nem de músicas antigas, nem de sonhos idealizados, nem de chuva, nem de sol, nem de corpos estendidos por um lugar qualquer, nem de corpos que se tocam, nem de mãos que escrevem, nem de olhos que enxergam, nem de bibliotecas, nem de frutas sempre coloridas, nem de longas conversas, nem de respiração acelerada, nem de lágrimas silenciosas, nem de patas marcando o chão, nem de macacos nas árvores próximas, nem de roupas sempre riscadas, nem de desejos conservados, nem de sentimentos quase que imperceptíveis, nem de sentimentos descarados.

Realmente, acho que certas pessoas nunca serão felizes.

18 julho, 2007

dos pré-vestibulares

Nem um pouco pré-universitários. Universidade em seu sentido original (e me perdoem, mas não é que elas foram criadas na Idade das Trevas?) parece(ria) significar um universo de (idades, apressa o aluno reprovado) idéias, um sistema produtor de conhecimento em todas as áreas. Mas vamos ao que interessa, que é a crítica. (Não devia ter antecipado assim...)
Vestibular seria um discriminante (em ótimo sentido). Separaria quem está apto (ou melhor, os mais aptos) para "cursar um curso" "superior" (bem, é superior que chamam, né? Então é). Acho que melhorar as pessoas, ensinando-as, pode ate ser válido. Só que o objetivo, pelo menos o passado (para não dizer "o real") não é tornar-se bom para passar no vestibular, mas simplesmente passar! Os pré-vestibulares burlam essa lógica de os melhores entrarem (bem, vamos supor que há alguma competição). Na verdade, aqui há a questão de o que vem a ser melhor. Porque uma dica de como chutar no vestibular (diganos que baseada na distribuição das questões) poderá "melhorar" o vestibulando para a prova. Acho que a idéia da prova é ser um teste de entendimento, conhecimento e redação (não sei direito). Não sei o quanto isso é um teste de capacidade de vida, mas deve ser bom para quem deseja cursar algo "superior". (Esse deve ser um truque, uma conspiração, referências dos pré-vestibulares nos fazem questionar as provas e não eles.)
Então esquecemos a prova. E esquecemos os argumentos, porque ainda há aquela idéia fatalista de inevitabilidade (ou seja, totalmente redundante) das coisas, que talvez possam anular todos os argumentos. Eu só queria dizer que talvez pudesse haver qualquer seleção que não fosse a do dinheiro, que isso reverte um pouco quem está mais capacitado e pode se tornar um bom profissional (bem, aqui há uma força contrária, que quem tem mais dinheiro é mais capaz de comprar livros e arcar com os custos do curso em geral). Mas tudo bem, talvez quem possa pagar possa ser injusto, é assim mesmo. (Talvez ter cifras seja uma qualidade que auxilia nas atividades da vida, e no caso, temos forças opostas, e não sei se há um equilíbrio. Pode esquecer o texto, agora que o leu, porque ele pouco será útil aqui nesse país. Ele é muito surreal.)

17 julho, 2007

ícones falsos

Curioso que se pode criar ícones totalmente falsos sem sofrer processos. Por exemplo, pode-se usar em toda uma carreira musical que o amor existe e que as pessoas se apaixonam. E ficam terrivelmente apaixonadas, caem em amor, sei lá. E é tão descarado. Quantas pessoas não casaram com a pessoa errada, transaram, beijaram, simplesmente por acreditarem no amor e em coisas parecidas? E como ficam? Bem, desamparadas, ou continuam enganadas pela farsa.
Em compensação, devemos agradecer ao Latino e a muitos MC's por mostrarem a mediocridade em suas músicas, que é real.

todo mundo está tentando

As almas que ainda não nasceram ficam perambulando por entre os corpos vivos para conseguirem nascer. Quando efetuam seu objetivo, dois gametas se fundem e então começa um longo desenvolvimento que, se não for interrompido, resultará num ser humano.
Só que as almas, mesmo tendo a experiência por terem sido imortais, não têm muita consciência de onde podem procurar um corpo que as materializará. Tanto que na década de 60 muitas almas tentavam nascer, sem sucesso, por meio de Lennon/McCartney, como eles declararam na música Everybody Is Trying To Be My Baby.

Obs: Na verdade, para não ser processado por calúnia, informo que o exposto acima não é totalmente correto. Então, faço essa observação para correção. As almas, apesar da beatlemania vigente impelir qualquer um a tentar nascer com um traço qualquer de um dos beatles, não se manifestaram neles. A música é, na verdade, de Perkins. Esse sim sofreu o assédio de almas carentes que tentaram nascer por intermédio dele (que seria absurdo).

06 julho, 2007

filmesfólifos

Não tenho muito como afirmar no que cinema seria tão diferente de moda. Não entendo porque pessoas não podem perder aquele filme no cinema ou não podem deixar de comprar aquela roupa. Não acho que seja necessário acompanhar quaisquer novidades em qualquer uma dessas "áreas". Talvez ambas sejam bem fúteis. Talvez tenham o sentido dela mesmas, então algo entre colchetes (que aprendi que são "brackets" em inglês) [se eu não vejo sentido nelas então não devem ter sentido pra mim.] Talvez somente para impressionar, e essas coisas, fazer sentir algo.
Agora, se moda cheira (ou fede!) a consumismo, cinema lembra capitalismo e coisas rápidas. Sim, precisa ser em duas horas, não há tempo para ler um livro. (Talvez desse pra ligar com aquilo dos pares, mas deixamos assim. [Há tantos "argumentos" que posso abdicar deles. {xP}])
Mas isso não interessa. Nada interessa.
Qualquer um sabe a sua verdade, e ninguém convence ninguém. Ou seja, só a si mesmo, pois ser ninguém é relativo e variável.

03 julho, 2007

Básico

O menino sentia, a menina grunhia, e o homem podia passar as mãos nos seus cabelos. E todos os pensamentos convergiam para algum mesmo lugar, um lugar distante do qual podia sentir qualquer cheiro de terra úmida. Úmida, molhada, essas palavras lembram aqueles olhos da última vez que os viu. E ninguém chorou nessse intertempo, o que é curiosíssimo.
Sim, isso estraga qualquer coisa e qualquer idéia.

21 junho, 2007

Em nome do Senhor. (Fora dos Padrões)

Estava eu navegando rapidamente pela internet ontem quando me deparo com a seguinte "notícia": 'Vaticano cria os 10 mandamentos para o trânsito'. Como não podia deixar de ser cliquei sobre o link, e o que vejo? sim, uma versão incrivelmente engraçada das dez coisas que os crentes em deustodopoderoso devem cumprir enquanto dirigem pelas ruas decadentes de nosso mundo. Agora, uma breve análise:
1) Não matarás;
Sim, as pessoas levantam pela manhã e pensam "é hoje que mato cinco no trânsito!Ho-ho-ho (risada maquiavélica [Obs: Maquiavel foi um grande cara, ao contrário do que dizem...])". ¬¬
2) A estrada seja para ti um instrumento de ligação entre as pessoas, não de morte;
Esse é ótimo! Ohh, que estrada seja um elo de paz, amor e harmonia. Viva Jesus, viva!
3) Cortesia, correção e prudência para te ajudar a superar os imprevistos;
Quinze horas de uma véspera de feriado,tu na Freeway e o sol lapidante corrói o pneu traseiro do carro de uma forma terrível. "Calma, deus está conosco. Vamos jogar damas chinesas?"
4) Ajudar o próximo, principalmente se for vítima de um acidente;
"Ooolha! Um acidente! Será que aquela massa vermelha cor de sangue é algum ferido? Não, deve ser o Papai Noel descansando no meio do asfalto... Querida, o que faremos para o almoço hoje?"
5) Que o automóvel não seja um lugar de dominação e nem lugar de pecado;
"A: Amor, me dá um beijo? ; B: Querido, tu sabes que aqui não. Quer se tornar um pecador? Pare alí, naquela casinha com torre alta e estátuas na frente que daí sim poderemos gerar descendentes férteis. A: Ok docinho. No carro não é legal mesmo, deus pode estar vendo."
6) Convencer os jovens sem licença a não dirigir;
Enfim algo que eu apoio. Uma utopia, claro. Bem, Maria engravidou virgem, não é mesmo? Milagres podem acontecer.
7) Dar apoio às famílias que tenham parentes vítimas em acidentes;
Nenhuma piada infame me veio a mente (sugestões?).
8) Reúna-se com a vítima com o motorista agressor em um momento oportuno para que possa viver a experiência libertadora do perdão;
=D Viver a experiência libertadora do perdão! Que senso de humor o desses caras!
9) Proteger o mais vulnerável;
Bem, isso me parece bem preconceituoso.
10) Você é o responsável pelo outro;
Outro, acho melhor tu começar a rezar...

Esperamos, ansiosos, pelos "Dez mandamentos dos jogos de futebol".

19 junho, 2007

até dois

Estou vendo que tudo é feito para ser aproveitado ao par. Na verdade, não temos a capacidade de distingüir mais do que dois: zero, um, dois e muitos são as nossas palavras. Por isso todos os dualismos, por isso toda a lógica aristotélica, por isso tudo que existe, e essa frase teve muitas vírgulas.
Ninguém sabe trabalhar com mais do que dois. Ou é ou é a negação, mais do que isso não se pode penetrar. Infurável. Tudo é no máximo dois. Ninguém sabe ainda sobre certas variedades que são de três. Até dois, há o domínio e o conhecimento. E depois disso, somente a penumbra.
Agora, voltando ao início: os objetos são feitos para serem aproveitados por casais porque casais não são uma unidade. Eles não sabem pensar juntos, e portanto não sabem poupar, por isso caem nas "armadilhas de amor" impostas pelos burgueses ("hambúrguer"... tem a ver?). E na ânsia de poder aproveitar todo esse mundo feito para os casais (para dois! para três seria muito complicado) muitas pessoas buscam uma pessoa para ser seu par. Quando ela perceber toda essa trama inventada, souber que é possível, sim, ter filhos sozinho (só que não muitos), que todas essas comodidades na verdade são necessidades que se criam e portanto são supérfluas, (quando perceber [esse é o ruim das sentenças longas]) já estará tão envolvido pelos costumes que não poderá se libertar. Assim como outros vícios quaisquer.
Mas mesmo assim as pessoas caem no truque do par.

18 junho, 2007

sobre a inveja e outras coisas

A inveja pode matar. Os sentimentos também. Mas esses últimos podem morrer sem matar ninguém. E aí tudo acaba. E aí chega o fim.

17 junho, 2007

das Câmeras

Pouco valor têm essas registradoras de momentos. Não faz muito sentido levar uma câmera para querer gravar algum momento que deixa de acontecer porque existe a câmera junto. Claro, deixa de acontecer porque não seria igual. (Depois de principiado isto [o todo, o blog], não precisarei esmiuçar tanta coisa.) Talvez haja uma carga de opinião minha incluída, porque nunca fui muito afeito a esse tipo de tecnologia. Mas provavelmente é verdade (poderia ser feito em mais detalhes [Spinoza já escreveu coisas parecidas em ao menos um de seus livros]) deixa-se de viver o momento (muitas vezes curtir a viagem, olhar as paisagens, ficar vislumbrado com alguma coisa nova) para tirar uma foto. Vantagens e desvantagens (também é um pré-requisito para o blog como um todo; um dia escrevo) à parte, não parece tão sábio. Talvez possa não ser tão verdadeiro no caso em que a diversão seja tirar fotos (talvez principalmente meninas, mas estou na dúvida), mas em geral deixa-se de viver para gravar. Repare que isso até pode combinar com os últimos tempos (aliás, esta é a idéia mais importante [ou mais avançada] do post), em que se armazena alguma coisa para aproveitar depois. A verdade é que uma foto nunca poderá prover as mesmas sensações (bom, alguém talvez discorde...) de ter vivido e sentido mais o momento. Na verdade, quando se deixa pra aproveitar algo depois, não se aproveita da mesma forma. (“Então viva!”: é isso que eu quero dizer? Não, claro que não. Só estou criticando as pessoas que ficam tirando fotos em detrimento de aproveitarem e viverem. [Não é nada útil, mas nada dessas discussões aqui, ao menos por enquanto.])

É bom desde já (“desde já” no fim do post...) esclarecer que elas não são registradoras de momentos. Elas só captam a imagem. De um pequeno pedaço da imagem do momento. Aliás, inclusive estamos com a visão clássica, em que em certo instante há certo mundo. Não, amigo, isso não acontece. Não sei a prova mais simples, mas alguns experimentos fazem com que esse modelo seja descoberto (ainda sairá um post sobre modelos [o que eu não faço pelos leitores...]). Mas isso nem é necessário. Basta pensar que mesmo que fotografando o momento não poderemos voltar a ele (e quero ver uma tecnologia pra isso, baguais, quem inventa só faz coisas fáceis, mas fazer o que, se as pessoas se surpreendem tão fácil...), e no fim não teve tanto significado o registro. E como admito não ter certeza que isso é suficiente (Bayes! preciso fazer um post pra ele também! [início de blog, pouca bibliografia, você não sabe como é]), pode-se juntar a isso o fato de que não registram totalmente (aliás, registram uma parte medíocre). É, Bayes, você precisa aparecer também. (Desde que descobri exatamente o que esse cara inventou não paro de enxergar aplicações.)

E você, aposto, nem leu tão atentamente para dizer criticamente que o fim do post não se concretizou no início do segundo parágrafo, conforme eu esperava.

Uma nota: vale para vídeos também.

13 junho, 2007

sobre ir longe e outras histórias

Talvez qualquer um tenha ouvido falar que assim se chega longe. Tá certo que "longe" não é exatamente um lugar a chegar (e estamos longe da morte?). Desejar muito nem sempre garante um futuro promissor. (Claro, essa é uma experiência que ainda não senti. [Farei um post explicando isso.]) Só que é bem desnecessário dizer a alguém que "irá longe" se pensar em se tornar (ou 'tornar-se'? oh! dúvida cruel) o melhor de todos, porque nesse caso "ir longe" é pouco. (Não se preocupe em procurar a conexão entre as duas idéias [e esqueça o que são idéias].)
Acho que é falso que o limite das suas conquistas é o limite dos seus sonhos. Pra começar, que noção intuitiva de limite é essa? Mas isso é o de menos. Acho que talvez haja pelo menos um contra-exemplo (escrevi que devo escrever sobre eles? ["falando" assim até pareço uma pessoa culta e sábia! {e quem sabe ocupada!}]), em que a conquista simplesmente ultrapassou o sonho. Pensando bem, não há por que ficar discutindo frases sem sentido que pessoas quaisquer inventam.
Deixando de teoria, vamos à prática. Por isso, fim do post. (Adorei isso!)

09 junho, 2007

Durante o sempre.

Tudo começou num jardim. O chão coberto de verde guardava segredos antes nunca vistos. Folhas apodrecidas, insetos gigantes, cheiros desconhecidos, o moldável da terra pura, e Eles. No início se olhavam pouco, mas com o passar daquelas horas intermináveis que só faziam o tempo parecer mais disforme foram se aproximando. Ela gostava de sorrir. Ele gostava de pensar. Ela sorria pelos pensamentos dele. Ele pensava muito no sorriso dela. Eram tristes. Conheciam muito, sabiam tão pouco. Eram inertes ao tempo, inabaláveis às crenças, fatigados pelo desejo, indiferentes à vida. E toda vez que lá vinha o sol, e Lucy pulava pelas nuvens azuis bombril Eles calavam para ouvir o bater de asas das borboletas. Mas o planeta girava sempre, e sempre na mesma velocidade. Girava, girava... As folhas do outono caíam, eles ainda estavam lá. Nada vai mudar meu mundo, sussurrava Ele, estamos presos, dizia Ela. E as raízes que do chão brotavam confeccionavam um emaranhado de laços tão fortes, que a única possibilidade era a impossibilidade de qualquer ação. Cantavam, algumas vezes. Gritavam, chamavam por algo que nem mesmo sabiam o que. Choravam, até o rosto arder com aquelas lágrimas frias e salgadas. A calma voltava, tudo estava igual, com a exceção do mofo que já cobria o grande parte do chão - que os fazia tão iguais e tão distantes do resto – e do sol que havia a algum tempo sumido. E assim, durante a eternidade (que era pesada demais pra suportar, segundo Ele), continuaram ali. Nada mais havia, nem um certo caminho pra voltar pra casa.

de superpoderes

Não quero ter superpoderes. Odiaria se descobrisse que os tivesse. Por quê? Porque iria ficar com tanta vergonha, tanto ressentimento e tanto remorso por todas as vezes em que me fodi (ferrei) e em que não os usei. Consegue imaginar o quanto terrível seria?
Não, não quero superpoderes. (À exceção de voltar no tempo, se formos pensar. Mas não acredito que alguém tenha a opção "Desfazer" no seu corpo.)

08 junho, 2007

lei da troca

Nunca faça nada esperando algo em troca, porque nunca receberá.

(Quem diria, já as normas.)

07 junho, 2007

de variáveis

Não se deve dar nome a variáveis indiscriminadamente. Não adianta apresentar algo como 'certo garoto X' para depois simplesmente chamá-lo de 'garoto X'. As letras deveriam servir para simplificar, para reduzir espaço. Assim, o "certo" seria chamá-lo somente de 'X', já que já está qualificado.
Usarei isso neste blog. (E esse pensamento é novo. Eu acho.)

03 junho, 2007

campos de morangos mofados

Nos campos os morango mofaram. Não que estejam se acabando ou morrendo: eles somente viverão parasitados por fungos, e terão de viver sob essa condição. Sem chance nenhuma de se curarem, nem de melhorarem, nem de nada que seja positivo. Porque tudo mofou, tudo está podre, não há qualquer chance de qualquer sol ou qualquer terra fazer aparecer um brilho nos morangos.
Mas eles estão aí. Ou não.